Espaço Cultural Casa das Onze Janelas

Percusos na Arte Brasileira

PERCURSOS NA ARTE BRASILEIRA

O acervo de artes visuais do Estado do Pará representa o esforço contínuo de gerações de profissionais e gestores em criar as condições técnicas necessárias à guarda e conservação de obras representativas da arte brasileira, coleção que hoje compreende o arco histórico que abrange do período colonial até os nossos dias.

Nas duas últimas décadas, acentuadamente após a implantação do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em 2001, além das melhorias realizadas nas reservas técnicas do Museu do Estado do Pará, foi possível cobrir lacunas importantes na coleção: os movimentos artísticos das primeiras décadas do século XX, período no qual constatamos a construção do ideário de uma arte genuinamente brasileira, projeto que leva à consolidação do movimento moderno, como a superação do modernismo pelas vanguardas abstratas dos anos 50, cujas premissas marcaram profundamente os artistas paraenses que atuaram nesse período. Os anos setenta e oitenta determinados, respectivamente, pelo engajamento crítico às circunstâncias do golpe militar de 64 e pela atitude otimista da geração que responde à abertura política com o prazer hedonista pela pintura formam um eixo representativo na coleção do Estado que nos permite ver, após certo distanciamento crítico, a atualidade das questões que pautavam o cenário artístico local. Diante desse fato, nos interrogamos por quê artistas como PP Condurú ou Osmar Pinheiro, por exemplo, não alçaram o circuito nacional com a mesma potência dos artistas do Sul e do Sudeste, na década de 80 – a despeito da importância e do reconhecimento que temos, hoje, por suas trajetórias. Tal evidência nos coloca diante da questão sobre a centralidade do circuito nacional das artes visuais, que por décadas legitimou um cenário artístico limitado ao eixo Rio/São Paulo, majoritariamente, sem atribuir o devido valor à produção que emergia nas outras regiões do país. Foi por volta dos anos 80, com a atuação de artistas como Emanuel Nassar, Luiz Braga, dentre outros, e pela potente escola de fotografia de Miguel Chikaoka – vale destacar o trabalho continuado de pesquisa crítica do curador Paulo Herkenhof ao longo de décadas em Belém -, que começamos a nos sentir menos apartados. Hoje, o Pará figura como referência na produção artística contemporânea brasileira e reconhecê-la é propor um percurso – dentre muitos outros possíveis, a partir do acervo do Estado, que espelhe esse marco importante. O presente recorte abrange mais de um século da arte brasileira, história narrada de forma sincrônica na qual as imagens do passado encontram correspondência no presente. Longe da necessidade em apresentar o acervo a partir de uma perspectiva histórica de época e estilos, abordagem que na maioria das vezes leva o público a narrativas estanques, Percursos na Arte Brasileira propõe a experiência com a imagem como possibilidade renovada de contato e de construção de sentido.                                                                                          

Armando Sobral – Sanchris Santos – Nando Lima – Renata Maués

Sistema Integrado de Museus e Memoriais/SIMM

Curadoria: Equipe do SIMM/Secult.

Sala expositiva: Ruy Meira (Térreo)