A exposição de longa duração do Museu do Estado do Pará foi pautada nas transformações ocorridas no Palácio ao longo de sua existência, dando destaque a reforma realizada a partir de 1905, durante o governo de Augusto Montenegro.
Essa reforma foi inspirada na concepção do estilo de decoração francesa da belle-époque com a finalidade de romper com os ares coloniais e monárquicos, promovendo a modernização do Palácio nos ideais republicanos. Na oportunidade o governador idealizou a formação de cinco salões nobres, e para que isso ocorresse, contratou o pintor e artista-decorador Joseph Caseph formado pela Escola de Belas Artes de Marselha para realizar a decoração. Podemos destacar no trabalho de Caseph a introdução no piso de entrada do Palácio, de um conjunto de mosaicos coloridos de inspiração bizantina e orientalista proveniente da Itália. Foram também incorporados na decoração do Palácio vitrais, parquetarias, móveis, lustres e demais elementos.
Sobre os cinco salões nobres foram criados os seguintes temas:
Salão Renascença (Salão de Honra)
Considerado na época o mais importante, tendo um teto com um forro de aço fundido proveniente dos Estados Unidos, adquirido na administração do primeiro governador Lauro Sodré. Foram pintados monogramas dourados com a inscrição “EP” nas paredes em homenagem ao Estado do Pará. Entre os arabescos ao centro constam as pinturas de ramos de café floridos, que segundo a historiografia, corresponde a uma analogia com a borracha, considerando a competitividade entre esses dois produtos no mercado de exportação nacional no início do século XX. Nesse salão foram pintadas datas históricas referentes a eventos históricos marcantes para os republicanos.
Salão RenascençaSalão RenascençaSalão RenascençaSalão Renascença
Salão Império
Joseph Cassé concebeu este salão, como ante-sala para o salão de honra do Palácio, a partir da tradição do Primeiro Império Francês (1804-1814), ao tempo de Napoleão I. Ressaltam-se as influências culturais greco-romanas e egípcias, em referência ao mundo conquistado pelas campanhas militares napoleônicas. O conjunto do ambiente deveria mostrar por meio dos valores da arte, em formas massivas e monumentais a serviço do poder, agora calçado nos ideais modernos da civilização. Dentro os elementos que se destacam na pintura parietal é o das Harpias, figuras representadas ora como mulheres com seios em corpos de aves. O simbolismo dessas figuras traduz as paixões obsessivas bem como o remorso que se segue a sua satisfação, numa clara alusão ao conflito de valores da sociedade da belle-époque ocidental.
Salão ImpérioSalão ImpérioSalão Império
Salão Pompeiano
Este salão foi inspirado na cidade de Pompéia na Itália, representando os costumes e as artes do antigo império romano evidenciados pela descoberta arqueológica nesse local. O piso em parquetaria reproduz motivos estilizados da cerâmica grega, refeitos a partir da tradução do que era feito na Europa com mármore e granito. O piso em parquetaria reproduz motivos estilizados da cerâmica grega, refeitos a partir da tradução do que era feito na Europa com mármore e granito.
Salão PompeianoSalão PompeianoSalão PompeianoSalão Pompeiano
Salão Art Noveau
No tempo de Augusto Montenegro, este salão foi usado como sala de espera para o ingresso no Gabinete do Governador. Joseph Cassé projeta uma decoração que valoriza a simplicidade do bem-estar, a leveza dos movimentos e das formas e um ambiente acolhedor para os visitantes. Por isso, a decoração no estilo art nouveau foi escolhida, por seu enorme destaque na belle époque em todo o ocidente, inclusive nas grandes capitais brasileiras. O conjunto da sala combina novos materiais como o ferro e o vidro, assim como elementos gráficos utilizados nos papéis de parede ou na pintura decorativa com elementos fitormórficos.
Salão Eclético
Ao planejar o gabinete particular do governador, Joseph Cassé alcança o clímax do ecletismo produzido na belle époque amazônica. Seu objetivo era criar um ambiente rico e elegante, confrontando matrizes culturais distintas, idéias contrastantes e modelos decorativos díspares, de modo a produzir uma síntese paradoxalmente hormoniosa, coesa e original.
Salão EcléticoSalão EcléticoSalão Eclético
Além dos salões nobres, destacamos os demais ambientes expositivos:
Sala da Cabanagem
Nesta sala estão expostos alguns objetos relacionados a Cabanagem, movimento popular ocorrido na Amazônia em 1835. O Palácio dos Governadores foi um dos pontos-chave da luta, pois foi palco de conflitos e também funcionou como sede do Governo Cabano.
Sala da CabanagemSala da Cabanagem - Mário Quadros
Sala de Contexto de Época
Esta Sala foi pensada como um elemento que representa as mudanças ocorridas no reforma do Palácio impulsionadas pela economia gomífera ao final do século XIX. O acervo exposto compõe parte de uma cenário palaciano típico da Belle Époque exibindo uma cultura material que traduz as transformações na vida material da sociedade na virada do século.
Mobília, objetos pessoais, acessório de interiores, objetos de iluminação, utensílios de cozinha com seus estilos, padrões decorativos e técnicas diferentes presentificam não somente o que foi produzido num longo processo histórico, mas oportunizam uma reflexão no museu sobre uma história social dos objetos.
Sala de Contexto de épocaSala de Contexto de época
Sala das Artes
As telas expostas que rememoram o intenso movimento intelectual da produção artística no Estado, principalmente em Belém, no final do século XIX e início do XX. Representa também costume da época, quando as obras eram encomendas a artistas da época para ornar palácios, palacete e casas abastadas.
Sala das ArtesSala das ArtesSala das Artes
Sala da Conquista
Abriga a tela histórica encomendada pelo Governador Augusto Montenegro ao pintor fluminense Antonio Parreiras para decorar a parede de fundo do chamado Salão de Honra. Possuindo 8 metros de largura por 4 de altura, retrata a expedição organizada pelo Governador da Capitania do Maranhão Jacome Raimundo em 1637, com o objetivo de reconhecer o rio Amazonas até Quito, escolhendo os melhores lugares onde instalar fortificações e fundar um povoado que marcasse o limite da soberania portuguesa com as terras da Espanha na Amazônia.