12 de janeiro a 23 março de 2020
Uma certa Belém...
“Eis então os fragmentos do primeiro esplendor que haviam se salvado adaptando-se a necessidades mais obscuras, sendo novamente deslocados. Ei-los protegidos sobre recipientes de vidro, trancados em vitrines, apoiados sobre travesseiros de veludo, e não mais porque podiam servir para alguma coisa, mas porque por meio deles seria possível reconstruir uma cidade sobre a qual ninguém mais sabia nada” (As Cidades Invisíveis – Ítalo Calvino).
Há uma paisagem-memória da cidade de Belém da qual são testemunhas as edificações, os monumentos e os logradouros. Uma certa Belém de outrora, indelevelmente ligada à presença europeia, sobretudo portuguesa, desde os idos coloniais. A outra, ligada às ruínas e aos fragmentos de um patrimônio-memória que se não pôde ou não se quis preservar, nos permite uma arqueologia da paisagem – a cidade invisível. A memória plasmada nas imagens capturadas e nos elementos arquitetônicos fragmentados despertam o gosto pela contemplação, ao mesmo tempo em que alertam para a perda incontestável de uma parte da nossa História.
Fotos: Nando Lima