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'Aparição' leva memória da Festa da Chiquita à capela do Museu do Estado

A história da festa popular é retratada em fotografias, que colocam devoção e inclusão no espaço de onde saiu o primeiro Círio de Nazaré, em 1793

A exposição integra a 17ª Primavera dos Museus, promovida pela SecultMais uma exposição da 17ª Primavera dos Museus, na Capela do Museu do Estado do Pará (MEP), em Belém, foi aberta pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) nesta quinta-feira (21). Denominada “Aparição”, a mostra retrata a memória da “Festa da Chiquita”, evento tradicional promovido pela comunidade LGBTQIAP+ no período do Círio de Nazaré, após a Trasladação, a romaria noturna. A exposição foi aberta com a música e dança do diretor da Festa da Chiquita, o artista Eloi Iglesias, e poderá ser visitada até 15 de outubro.

Este ano, a Primavera dos Museus traz o tema “Memórias e Democracia, pessoas LGBTQIAP+, indígenas e quilombolas”.

Tamyris Monteiro, diretora do MEP, disse que “trazer o Eloi Iglesias com as memórias da Festa da Chiquita para dentro da Capela do Museu do Estado, de onde saiu o primeiro Círio de Nazaré, é muito representativo e simbólico, porque é colocar, realmente, essa festa no lugar de destaque que ela merece. É uma festa popular, de caráter profano, que está ligada a nossa maior festa cultural, e que merece ter esse tipo de visibilidade. A Primavera dos Museus permite que a gente faça isso, colocando esse tema provocativo”.

Apresentação do artista Eloi Iglesias, diretor da Festa da Chiquita, evento que reúne a comunidade LGBTQIAP+Tradição - Registros fotográficos e figurinos revelam a essência e momentos importantes de uma das mais tradicionais manifestações culturais de Belém. A Festa da Chiquita ocorre no sábado que antecede o Círio de Nazaré, na Praça da República, após a Trasladação. Apesar de não ser oficialmente reconhecida pela Igreja Católica como parte da festividade, por representar o lado profano, a celebração reúne milhares de pessoas para homenagear a Virgem de Nazaré e prestigiar shows de transformistas, travestis, transexuais, drag queens e misses gays. O evento é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e também é patrimônio imaterial do Estado do Pará.

“Estamos super felizes por participar de um evento tão importante como é a Primavera dos Museus, um evento nacional, e esse convite da Secult para trazer a ‘Aparição’ para a igreja de onde saiu o primeiro Círio é muito importante. Aqui, nós temos alguns flashes do que é a Festa da Chiquita e do que ela representa para nós, para sermos reconhecidos como pessoas LGBTs e como devotos. Essa é uma exposição que, na verdade, faz parte de uma outra exposição, a ‘Fé na Diversidade’. Eu falo pras pessoas: fé na diversidade é o afeto, o aconchego e o respeito que todos nós merecemos”, ressaltou Eloi Iglesias.

Texto: Juliana Amaral - Ascom/Secult

Apresentação do artista Eloi Iglesias, diretor da Festa da Chiquita, evento que reúne a comunidade LGBTQIAP+