Secretária adjunta da Seirdh, Edilza FontesA última atividade da programação realizada desde o dia 17 de outubro pela Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), denominada “A quebra do silêncio e a violação dos direitos humanos: 200 anos do Massacre do Brigue Palhaço no Pará”, no Museu do Estado do Pará (MEP), em Belém, reuniu a secretária adjunta da Seirdh, Edilza Fontes; o diretor do Arquivo Público do Estado do Pará, Leonardo Torii, e os professores Magda Ricci, José Souza Júnior e João Lúcio Mazzini.
O massacre foi abordado a partir da perspectiva de símbolo de luta pelos direitos humanos no tempo presente. Edilza Fontes apresentou aos participantes um protocolo de intenções enviado pelo Arquivo Nacional à Secretaria.
“Esse documento abre espaço para várias coisas. Um dos objetivos desta Secretaria recém-criada é trabalhar com memória, verdade, reparação, mecanismos de não repetição. É tentar ver nesse contexto o quê de violação de direitos humanos que ocorreu e estão esquecidos, ou o que ficou silenciado e a historiografia oficial não toca no assunto”, disse a secretária adjunta.
Ela lembrou que a Adesão do Pará à Independência, em 15 de agosto de 1823, é tratada erroneamente como se tivesse havido uma reconciliação. “Mas pelo menos ainda há um feriado, embora pouco se fale nas escolas sobre. Já sobre o Brigue Palhaço não há nada; ninguém lembra ou debate; não há um monumento, um nome de rua. Foi contra essa política do esquecimento que promovemos esse debate”, reforçou.
Edilza Fontes destacou ainda que a parceria com o Arquivo Público do Estado nessa roda de conversa permitiu apresentar elementos para uma discussão sobre a possível criação de um instrumento de pesquisa e pedagógico, que os professores possam ter em sala de aula para abordar o tema. “Rememorar é uma forma de atuar para não mais deixar acontecer”, enfatizou.
Memória - A ampla programação relembrou, debateu e estimulou a reflexão sobre o “Massacre do Brigue Palhaço”, ocorrido em 1823, quando completou um ano da Proclamação da Independência do Brasil e a então Província do Grão-Pará ainda não reconhecia a autoridade de D. Pedro I como imperador. As autoridades locais se correspondiam diretamente com Lisboa, prendendo as pessoas favoráveis à Independência sob a acusação de subversão.
Após algumas ações estratégicas dos revoltosos, os comandantes da Província organizaram um ataque, que resultou na morte de alguns de seus líderes e na prisão de 260 pessoas.
Os prisioneiros foram transferidos para o porão do brigue-escuna (embarcação à vela) “São José Diligente”, anteriormente nomeado “Palhaço”, e que foi modificado para se tornar uma prisão, ancorado às proximidades do Ver-o-Peso. Durante a madrugada, os guardas mataram os prisioneiros.
Por Carol Menezes (SECOM)
A tela de Alfredo Norfini enitutalada ″Brigue Palhaço″Prof. Dr. José Alves de Souza JuniorLeonardo Torii, diretor do Arquivo Público do Estado do ParáProfa, Dra. Magda RicciPúblico presente no evento