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Criado há quase cinco décadas, MIS é guardião da História e das visões sobre e do Pará

Comemorado em 27 de outubro, o Dia Mundial do Patrimônio Audiovisual foi definido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como forma de enaltecer a importância de preservar os materiais sonoros e audiovisuais gravados.

No Pará, o Museu da Imagem e do Som (MIS) é o responsável pela preservação destes materiais. Idealizado pela escritora e jornalista paraense Eneida de Moraes, o espaço foi inaugurado há 49 anos e é vinculado ao Sistema Integrado de Museus da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). Desde o ano passado, funciona no Centro Cultural Palacete Faciola, na capital paraense.

O Museu da Imagem e do Som é utilizado principalmente pelos pesquisadores que desejam investigar a história audiovisual do Estado. O museu também promove projeções audiovisuais para alunos de escolas públicas. 

O acervo fílmico do MIS, em variados suportes, preserva películas de oito, 16, e 35mm, fitas VHS e DVD. Nos acervos sonoros, podem ser encontrados fitas de rolo, fitas cassetes e CDs. Além de cartazes de filmes pioneiros no Pará, em especial da coleção Líbero Luxardo, como “Um diamante e 5 balas”, “Brutos inocentes” e “Marajó - barreira do mar”. Atualmente, possui acervo incomum, com destaque para as produções de Líbero Luxardo, Milton Mendonça, Pedro Veriano e Padre Giovani Gallo.

Possui ainda a guarda dos acervos pessoais dos maestros Waldemar Henrique e Altino Pimenta. Ao MIS foi feita a doação de maquinário das primeiras emissoras (TV Guajará e TV Marajoara). A instituição preserva também um conjunto de instrumentos de áudio e vídeo, documentos arquivísticos, fotografias e publicações.

Diretora do MIS, Indaia Freire afirma que falar do Museu é falar da memória imagética e de áudio da Amazônia e do Pará, e da cultura; ninguém registra a imagem sem ter uma intencionalidade. 

"E quando eu registro essa memória, eu consigo manter um arquivo, um acervo de tempos de outra hora que podem ressignificar a nossa contemporaneidade, também podem ser reutilizados ou ressignificados em novas produções, por exemplo, de áudio visual", avalia. 

Ela conta que faz parte da rotina de preservação a limpeza quase que diária principalmente do acervo de película; salas climatizadas; e salas fechadas, de pouquíssimo acesso. 

"As pessoas não têm acesso, o público geral não tem acesso, a reserva técnica nem deve ter, porque nós temos todo um cuidado para preservar esse material que está lá e que se não tiver todo esse cuidado de climatização e manuseio, ele se perde, e com isso também se perde a nossa memória. Então, a gente tem de ter esse cuidado diário de verificar em que condições estão e o que nós podemos fazer para mantê-los íntegros, ainda existentes", detalha a gestora pública.

O fato de a Amazônia estar no centro das atenções por conta das questões climáticas e iminente realização da 30ª Conferência das Partes (COP 30), no ano de 2025 em Belém, é mais um motivo para preservar imagens que foram feitas por pessoas que aqui residiam e por outras pessoas que por aqui passaram. 

"Então temos olhares de dentro, endógenos, e temos olhares exógenos à nossa presença, à nossa cultura, ao nosso cotidiano, à nossa sociedade. Essa colcha de retalho, ela vai ressignificar ou ela vai significar o que somos agora e ao mesmo tempo o que queremos para o futuro. Então ter essas imagens, essa memória preservada, é também pensar o que queremos para o futuro", defende.

A titular da Secult, Ursula Vidal, reforça que a importância do patrimônio audiovisual é salvaguardar a memória coletiva, os registros históricos e as experiências criativas que incorporam, a cada dia, novas tecnologias. "É uma linguagem que se oferece, de maneira muito democrática, aos fazeres artísticos, além de estabelecer uma conexão muito poderosa com a juventude, com a vanguarda cultural. No cenário audiovisual do Pará, o Museu da Imagem e do Som tem funcionado como espaço de memória, salvaguarda e pesquisa, mas também como locus de acesso à produção audiovisual e de estímulo ao debate sobre as políticas públicas para o setor", finaliza.

Por Carol Menezes (SECOM)